Pode parecer estranho que estes fragmentos de realidade bruta, que a narrativa cinematográfica naturalmente não pode deixar de nos dar a conhecer, nos impressionem tanto, enquanto cenas idênticas da vida corrente não bastariam para nos abrir os olhos. Com efeito, tudo se passa como se as convenções da fotografia (as duas dimensões, o preto e branco, o enquadramento, as diferenças de escala entre os planos) contribuíssem para nos libertar das nossas próprias convenções. O aspecto um pouco fora do habitual deste mundo reproduzido revela-nos, ao mesmo tempo, o caráter inabitual do mundo que nos rodeia: ainda inabitual na medida em que recusa sujeitar-se aos nossos hábitos de percepção e à nossa ordem.
Alain Robbe-Grillet
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Assassinato, Alfred Hitchcock, 1930.
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