sexta-feira, 8 de abril de 2011

NARRAÇÕES DA VIOLÊNCIA BIÓTICA


Acaba de ser lançado o livro Narrações da Violência Biótica, organizado pelos professores Roland Walter e Ermelinda Ferreira, como parte da Coleção Letras, pela Editora UFPE.

“Violência Biótica” é uma expressão que evoca, em primeira instância, o modus operandi da própria vida em toda a sua imensa variedade de suportes, porque nada é mais violento do que a existência na biosfera, nada é mais violento do que nascer e morrer, e nos interstícios destes extremos, manter-se vivo. Há, inegavelmente, violência nos ecossistemas: intimidação, constrangimento, coação. Sem ela, não haveria vida. A vida é incompatível com a apatia e o torpor, com a ausência da morte da qual depende a sua renovação. O que talvez não exista na biosfera de modo generalizado é a crueldade. É, portanto, a consciência da crueldade humana, e não da violência biótica em si, o que parece estruturar o discurso hegemônico por excelência neste início de terceiro milênio: o discurso ecológico, que está na ordem do dia difundindo noções de preservação, sustentabilidade, parcimônia, tolerância e respeito a outras formas de existir e a outras formas de pensar a existência.

A ecocrítica, dentro de diversas áreas, ressalta a compreensão da natureza enquanto entidade físico-material e como entidade social ativamente envolvida na dinâmica das construções culturais. Em cada cultura, a natureza tem um papel fundamental na constituição do imaginário cultural de um povo: ela é tanto natural quanto cultural; uma entidade material e uma idéia/visão mítica que participa na definição identitária. Os contribuintes deste livro examinam diversos aspectos e formas de violência biótica que revelam a conturbada relação entre o ser humano e a natureza. [texto extraído da orelha do livro]

Orgulhosamente, estou participando deste livro com o ensaio Cinemas da Natureza, Naturezas do Cinema: ‘Jeremiah Johnson’ e a reconciliação do homem com o mundo natural; onde, a partir do filme Jeremiah Johnson (Sidney Pollack, 1972), delineio uma trajetória nas representações do espaço natural pela arte cinematográfica, do pioneirismo dos irmãos Lumière a uma vertente do cinema contemporâneo que privilegia o retorno do homem ao mundo natural. A análise técnica do filme e do gênero faroeste, assim como o exercício comparativo, não apenas com exemplos advindos do próprio cinema, mas também pela pintura, através do nome de Caspar Friedrich, são os meios que utilizo para refletir o diálogo travado pela natureza e a imagem de cinema.

Para adquirir o livro, acesse o site da Editora UFPE.

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