
O Espelho, Andrei Tarkovski, 1974.
Houve um tempo em que prosperava
Houve um tempo em que prosperava
Em paz a nossa terra;
Aos domingos, a igreja
De Deus vivia cheia;
As vozes de nossos filhos
Ressoavam pela escola,
E cintilavam pelos campos radiantes
A foice e a gadanha ligeira.
Hoje a igreja está deserta;
A escola, fechada e em silêncio;
O campo ocioso e sem colheita;
O bosque, escuro e vazio;
E o povoado parece
Uma casa depois do incêndio:
Tudo é silêncio, e só o cemitério
Está cheio, e não se cala.
A cada instante trazem os mortos,
E os vivos gemem
E amedrontados pedem a Deus
Que dê paz às suas almas.
Cada vez falta mais espaço,
E as tumbas, por sua vez,
Como um rebanho assustado
Vão se apertando umas nas outras.
Alexander Púchkin
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