
Condenação, Bela Tarr, 1989.
Desesperança.
Ruínas.
Envelhecimento.
Desintegração.
Uma janela com o vidro manchado pela incessante água da chuva a escorrer... escorrer... E o prazer de ver o fluir das águas distanciando o raciocínio, ignorando o pensamento... escorrendo...
Não dá pra dizer.
Como das outras vezes, minha terceira experiência com Bela Tarr prossegue no inexplicável prazer de simplesmente existir e gozar...
Viver...
São tantas as vezes em que suas imagens escurecem até o desaparecimento total da luz (obsessão com o último capítulo de Sátántangó), são tantas as vezes em que os diálogos e as músicas são rompidos pelo cair da chuva... o cair... o cair...
Tudo é negro.
O homem é bicho.
A terra é lama.
Sobreviver é covardia.
Ah, se eu pudesse ficar... No limiar da imagem ficar... Desde a primeira, onde já sou capturado e lançado numa hipnose dolorosa, onde a névoa me penetra as cavidades e assenta em minha alma... Ficar...
Eu fico.
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