quarta-feira, 11 de maio de 2011

PELO PRAZER DO MEDO

Pausa.

Isso não é um artigo acadêmico, não estou assinando nenhuma resenha oficial e quero passar loooonge aqui da linha de análise que costumo adotar num Filmologia da vida. Sou apenas um hóspede solitário num hotel perdido no mapa, sem companhia pra dividir a noite a não ser as malditas lembranças de um filme que resolvi assistir para conhecer o cinema de Uberaba (MG), aproveitando o lapso de tê-lo perdido quando exibido às pressas no Recife. Sobrenatural (Insidious, James Wan, 2010) é o filme, o mais novo título do meu Top particular para “filmes que mais me assustaram na vida”...

Não, não me peçam explicações. A gente não sabe, quando criança, porque o vão sob a cama é tão apavorante, só sabe que deve evitar por os pés perto dele. E apesar de eu não ser mais criança, o cinema ainda me leva a colocar os pés onde não deveria.

Há pelo menos 10 anos, desde Os Outros (Alejandro Aménabar, 2001), eu não via uma cena que me fizesse ter tamanha consciência do efeito que a adrenalina exerce sobre o corpo. A sequência em que Nicole Kidman via uma velhinha no corpo da filha vestida de noiva finalmente ganha reflexo no meu panteão particular (pois preciso ressaltar o quanto isso é pessoalmente meu) com essa em que Rose Byrne vê um vulto na cabeceira do berço de seu filho. Este primeiro verdadeiro susto de Sobrenatural foi apenas o início de uma avalanche de cenas insuportáveis para minha expectativa desavisada (eu não esperava mais do que aquelas tolices que o trailer apresentara), momentos em que criei vincos na pele com o apertar das unhas e fiz ranger bastante minha poltrona enquanto me revirava inquieto tentando fugir o olhar da tela (coisa que só faço em cenas com agulhas e injeções).

Independente de todas as imperfeições presentes no filme (e que mesmo ao identificá-las eu não conseguia me acalmar), posso registrar que experimentei uma gama dos mais variados tipos de medo que um filme pode causar: do susto-surpresa mais idiota ao momento mais dilatado possível de suspense, esse trabalho de James Wan pode futuramente perder importância no meu referencial do gênero, mas jamais se permitirá esquecer pelo espantoso efeito que conseguiu causar em mim.

Fico me lembrando da inteligente consideração feita pelo amigo Rodrigo Almeida (justamente no grupo de discussão interna do Filmologia) sobre a importância que uma grande sessão de um filme ruim pode causar na vida de alguém. Meu amigo, se eu tive dúvidas a respeito do que você ali falou, acabei de respondê-las.

E agora tudo que me resta é fazer uma última oração, pois depois de postar esse texto vou ter que apagar a luz pra ir dormir, e antes de deitar vou ter que aproximar meus pés da cama mais uma vez...



AGORA SIM... ACESSE AQUI MEU TEXTO PARA O SITE FILMOLOGIA

2 comentários:

  1. Cacetada... agora fiquei com mais vontade ainda de assistir ao filme.

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  2. Poxa, rapaz, palavras muuito bem colocadas. Acredite, agora estou doido para ver esse filme com falhas, para entender a citação/recordação da força de "Os Outros". Temos que levar esse assunto à frente!

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