Nesta
quinta-feira, dia 30, às 18:30h, o Cine Pasárgada exibirá Meu Filho, Olha o Que Fizeste! (EUA/ALE, 2009), uma produção de
David Lynch assinada por Werner Herzog. O filme, inédito no circuito brasileiro
de exibição, foi sonhado por Herzog durante quase 15 anos, a partir de um crime
verídico que lhe inspirou o enredo. Lançado em 2009 como uma sessão surpresa do
Festival de Veneza, segundo os curadores do Cine Pasárgada, o filme tem
potencial para possibilitar um diálogo entre o cinema e outras formas de
representação, como o teatro e a literatura, pela inspiração que busca numa
tragédia de Eurípides. A sessão contará também com um debate realizado por
Fernando Mendonça (que divide a curadoria do evento com Raquel do Monte),
crítico de cinema que participou da recente elaboração de um dossiê sobre
Werner Herzog, para o site Multiplot! (http://multiplotcinema.com.br/).
Um trecho da reflexão de Fernando sobre o filme dá bom indicador do que o Cine
pretende discutir a partir do mesmo:
“Muito adequada a explícita
referência ao Orestes, interpretado pelo protagonista numa peça dentro do
filme, jogo de espelhos, acentuação no caráter labiríntico da loucura, desta
diluição/desintegração interior que o jovem filho atravessa. Mais do que um
exercício de mise en scène, o que vemos nas belas sequências negras,
literalmente mergulhadas em escuridão, do teatro, é um complexo desenvolvimento
de mise en abyme, como raras vezes Herzog terá tão claramente
explorado. Apropriar-se da tragédia grega, como ele aqui o faz, instaura um
abismo que nos permite uma compreensão não só das angústias sofridas por suas
personas — emoções e reações míticas, originadas num estado primitivo do humano
e que para sempre serão universais —, mas que também ilumina um aspecto de seu
trabalho enquanto filmografia, enquanto conjunto de filmes que orientam-se sob
uma espécie de ‘política do trágico’.
É bem verdade que as preocupações
de Herzog no cinema, especialmente estas que encontram no mundo físico um
contraste para o realce do sublime, são constantemente motivadas dentro de um
princípio muito próximo ao da tragédia: exploração subjetiva de indivíduos que
agem no mundo e se transformam independente de sua vontade. Se Meu Filho…
estampa direta e frontalmente tal especularidade, o faz não de maneira leviana,
como para truncar gratuitamente a estrutura do enredo; pelo contrário, encontra
aí uma iluminação de questões que até aqui (em sua carreira) poderiam estar
carentes de embasamento. É porque Herzog assume o trágico que seus filmes
permanecem cristalizados, enigmas que não se rompem ao mero desfecho ou clímax,
e nesse sentido, Meu Filho… torna-se exemplo máximo de uma concepção
muito particular dentro da narrativa contemporânea.”
Crítica completa aqui: http://multiplotcinema.com.br/2012/05/meu-filho-olha-o-que-fizeste-werner-herzog-2009/
SERVIÇO:
CinePasárgada
Meu Filho, Olha
o Que Fizeste! (Werner Herzog, 2009)
Quinta-feira,
dia 30 de agosto, às 18h30.
Espaço Pasárgada
– Rua da União, 263, Boa Vista
Entrada Franca