quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

FILME-SOCIALISMO



De todas as formas, estamos incluídos entre as milhares de imagens que Jean-Luc Godard impulsiona com a montagem em Filme Socialismo, como que para entender/afirmar ao mesmo tempo o mundo e os discursos por dentro de sua representação estética: o mundo conforme lhe atravessa o tempo presente (as imagens aceleradas em 100 vezes no trailer do filme exibido em Cannes), as imagens que correrão para dar conta desse mundo; e todos os discursos que se deslocam ou não do que é mostrado e preservado. Com Filme Socialismo, abrimos finalmente a seção Filme em Foco. Para as milhares de imagens de Godard, seis olhares nossos. Tiros para todos os lados.


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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

DA DOR PELA IMAGEM


Brokeback Mountain, Ang Lee, 2005.

Pelo retrovisor, a dor aumenta na mesma medida em que a imagem vai perdendo tamanho, tornando-se mais e mais turva até o ponto onde o espelho reflete a angústia de ter um coração cheio diante de uma estrada vazia.

As palavras de Annie Proulx, autora do notável conto adaptado pelo filme de Ang Lee, concentram pelo menos duas prerrogativas que fazem de Brokeback Mountain uma potencial experiência cinematográfica pura. A primeira, bastante óbvia na superfície das palavras, está inserida no paradoxo criado entre a dor e a imagem, uma relação estabelecida pelo ponto de vista do homem que parte e daquele que o vê partir, do que há de distanciamento entre os corações que estranham o amor e alicerçam seu sentimento na reciprocidade da imagem que um nutre do outro, para o outro, dentro de si; a segunda, também presente no que é condicionado pela distância, na evidência da 'estrada vazia', se permite apreender, agora, pela superfície do filme, no tratamento dado ao espaço e na maneira como este, em seu esvaziamento, influirá no desejo de tornar o amor um permanente estado presente, maior que a dor, que a memória e a urgência do toque.

Da dor pela imagem, há neste conto romântico, uma clássica apropriação do amor que subsiste pelo que traz de simbólico, de signo – lembremos da lógica dos sentimentos peirceana. Emoções são impressões, e não há impressão que não seja também uma representação, que não traga no sentir um anteceder do outro, do ente amado. Ennis Del Mar e Jack Twist, homens que se descobrem apaixonados e que pautam seu romance na diluição da imagem e do imaginário masculino, repleto de parâmetros repressores que se dizem inquestionáveis, precisam, para se amar, reinventar a imagem que lhes é própria, mas que fora imputada pelo externo (histórico, social, religioso, moral).

É quando a montanha torna-se o ponto de redefinição dos valores.




Evocada por religiões arcaicas como o 'centro do mundo', a 'sustentação do firmamento' e o 'cume original da criação', a região montanhosa é valorizada pela narrativa de Proulx, e especialmente pela visualidade conseguida por Ang Lee, como o espaço ideal do amor. Com ela, encontramos o potencial romântico do espetáculo cinematográfico em seu esplendor, onde cada plano, cada articulação do espaço e dos corpos nele inseridos, revelam o que há de genuinamente emocional na abertura de um gesto panorâmico. Importa lembrar: nunca, em todo o filme, estaremos acima do horizonte, por sobre a montanha (inexistem os contra-plongées); ao contrário, é ela (a montanha) quem se coloca de frente para nós, sobre nós, intensificando a opressão do amor que assola os guardadores de rebanhos.

O que Ang Lee faz, ao deformar o original literário (no conto não há o retorno à Brokeback na vida adulta dos personagens), é dar forma de cinema ao amor que concretizou o status de para sempre. Pois cinema é espaço – não importa o que digam aqueles que tentam esquecer e denegrir isto – e do movimento no espaço ele encontra os meios (duração, ilusão, atualização do tempo) para suprimir as distâncias, aquilo que há de virtual na imagem, na representação, no sentimento de amar.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

SESSÃO DISSENSO



Cineclube Dissenso (Recife – PE) exibe cópia em 35mm do mais recente Manoel de Oliveira

Sem previsão de estreia em circuito comercial brasileiro, O estranho caso de Angélica, exibido na Mostra de São Paulo, ganha sessão gratuita no Cinema da Fundação. A projeção acontece no sábado (5) e marca o fim do recesso do cineclube.

O Dissenso preparou uma sessão especial para começar as atividades de 2011. O cineclube abre o ano com o mais recente longa-metragem do realizador português Manoel de Oliveira, O estranho caso de Angélica, em sessão única e gratuita no próximo sábado (5). A projeção, em cópia 35mm, acontece às 14h no Cinema da Fundação e, como de costume, é seguida de debate na Sala Edmundo Morais, na Fundaj. O evento é fruto de parceria com a instituição e é realizado com recursos do Fundo Pernambuco de Incentivo à Cultura (Funcultura), do Governo de Pernambuco.

A exibição do filme de Oliveira, referência comum nos debates do Dissenso, canaliza a preocupação do coletivo em consolidar espaço propício para a formação crítica e para a imersão nos diversos caminhos trilhados pelo cinema – do clássico, pelo moderno, ao contemporâneo -, desbravando ainda sua capacidade em reformatar o olhar que lançamos sobre o mundo. Entre os planos do novo ano, está a realização de mais sessões especiais e a ampliação dos espaços de debate, a exemplo da mostra Olhares sobre o olhar, no ano passado. O grupo põe em prática ainda um novo conceito para as sessões surpresa, ocasião em que o público só descobre o filme no momento de exibição.

Através da curadoria, o Dissenso vem ressaltar a urgência de que exibidores invistam em espaços de circulação de filmes mais plurais e diversificados que o leque que se apresenta nas salas comerciais do Recife, esforço que o coletivo compartilha com os próprios programadores do Cinema da Fundação. A iniciativa grifa o papel de protagonismo dos cineclubes em suprir lacunas do circuito comercial, que cerceia cada vez mais o consumo crítico.

Angélica

O filme teve estréia mundial em maio do ano passado no Festival de Cannes e é mais uma prova do vigor criativo do longevo realizador português. Com base em argumento escrito entre 1949 e 1952 por Oliveira, o longa traz a história de Isaac (Ricardo Trêpa), jovem fotógrafo que recebe a incumbência de tirar a última foto de Angélica (Pilar López de Ayala), a filha de um rico casal que morrera poucos dias após o seu casamento. Ao enquadrar a moça, Isaac é assombrado por uma imagem: no visor de sua máquina fotográfica, Angélica aparece viva e sorridente. O estranho caso de Angélica não tem previsão de estreia comercial no Brasil.

Cineclube

O Dissenso surgiu a partir da criação de um blog de crítica cinematográfica. No começo, era realizado no Centro de Artes e Comunicação, no campus da UFPE, sob o mote de que todos os filmes exibidos tivessem, sobretudo, o caráter de raridade. Em junho de 2009, o cineclube mudou de endereço, passou a funcionar na Fundação Joaquim Nabuco e a discussão curatorial se expandiu. O projeto foi aprovado na última edição do Edital do Audiovisual do Funcultura, promoção da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).

De julho de 2008, quando surgiu, até hoje, já foram exibidos filmes de cineastas como Andrea Tonacci, Bela Tarr, Jan Svankmajer, Michael Haneke, Nicholas Roeg, Arnaldo Jabor, Hiroshi Teshigahara, Ana Carolina, Tsai Ming-Liang, David Cronenberg, Bruce la Bruce, Rainer W. Fassbinder, Sergei Parajanov, Raoul Ruiz, Russ Meyer, entre dezenas de outros. As sessões acontecem aos sábados, às 14 horas, no Cinema da Fundação. Após as exibições, são realizados debates abertos ao público.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A VIDA DOS PEIXES

ACESSE AQUI MEU TEXTO PARA O SITE FILMOLOGIA

EVOCAÇÃO DE SÁTÁNTANGÓ



Bom, apesar de já ter divulgado a nova edição do site, não dava pra deixar de fazer uma menção especial ao que fiz, particularmente, com o filme dos filmes, Sátántangó.

Revivê-lo, uma missão, uma bênção, um projeto para a eternidade.

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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

ESPECIAL BÉLA TARR - FILMOLOGIA



Mais uma vez, um nome conhecido apenas num pequeno meio restrito. Um nome assombroso dono de um cinema ainda maior do que isso, repleto de imagens as mais inesquecíveis e rigorosas (mais do que qualquer palavra, embora elas existam e marquem de fato, com força, sua presença) que pudemos ver nos últimos anos. De todas as formas (boas, más), o cinema do húngaro Béla Tarr instiga discussões as mais diversas e variadas. É um cinema espiritual? É um cinema da matéria? Da desgraça humana? É, visto hoje, depois de seus filmes mais conceituados, como um cinema esquemático, miserável e auto-indulgente? Todavia, é fato que ele pode ser presa fácil do que se chama de “cinema de autor”, do tal “perigo da repetição”.
Decerto, podemos afirmar, trata-se de um cinema muito particular, e, sobretudo, de um cinema sobre mundos. Não há de se encontrar aqui, nesta edição, entretanto, respostas definitivas sobre estes mundos tão íntimos (e ao mesmo tempo, tão universais) em nossos escritos: há olhares sobre os filmes de Béla Tarr, há posicionamentos sobre todos aqueles mundos que parecem destruídos e ao mesmo tempo imortais. Estes mesmos, que possuem uma grandiosidade talvez nada eloquente, muito embora provavelmente possamos dizer que são grande parte da constituição destes filmes sobre figuras no limite de seus universos, no limiar do sofrimento humano e da deterioração total.

Edição Especial #03 Béla Tarr

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