quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

PORQUE NÃO QUERO VER, EU OLHO










Terror na Ópera, Dario Argento, 1987.

Porque quanto mais filmes vejo, mais filmes preciso ver. Num sentido geral, mas também nesta aproximação finalmente concretizada ao Argento, que filme após filme vem me desvelando uma variedade de noções próprias da estética, do belo, desta necessidade de não fechar os olhos e os sentidos ao que se oferta como em sacrifício. Escorre o sangue. Findam-se vidas. E cada um de seus crimes desorienta respectivamente cada uma de minhas convicções para com o visível. Como nesta tortura contra a protagonista, que na verdade goza de dor.

Num misto demoníaco do que Buñuel e Kubrick outrora realizaram, o italiano recria toda a condição da violência que é tornar-se espectador. E já não se pode ignorar o crime. Olhos que perpetuamente se abrem para não morrer e com isso testemunham o encerramento da vida. Dialética de uma pulsão. Do ser voyeur. Desta impossibilidade da fuga diante de um filme. Não querer ver é o que me insiste em olhar.

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