sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

SESSÃO DISSENSO



Cineclube Dissenso (Recife – PE) exibe cópia em 35mm do mais recente Manoel de Oliveira

Sem previsão de estreia em circuito comercial brasileiro, O estranho caso de Angélica, exibido na Mostra de São Paulo, ganha sessão gratuita no Cinema da Fundação. A projeção acontece no sábado (5) e marca o fim do recesso do cineclube.

O Dissenso preparou uma sessão especial para começar as atividades de 2011. O cineclube abre o ano com o mais recente longa-metragem do realizador português Manoel de Oliveira, O estranho caso de Angélica, em sessão única e gratuita no próximo sábado (5). A projeção, em cópia 35mm, acontece às 14h no Cinema da Fundação e, como de costume, é seguida de debate na Sala Edmundo Morais, na Fundaj. O evento é fruto de parceria com a instituição e é realizado com recursos do Fundo Pernambuco de Incentivo à Cultura (Funcultura), do Governo de Pernambuco.

A exibição do filme de Oliveira, referência comum nos debates do Dissenso, canaliza a preocupação do coletivo em consolidar espaço propício para a formação crítica e para a imersão nos diversos caminhos trilhados pelo cinema – do clássico, pelo moderno, ao contemporâneo -, desbravando ainda sua capacidade em reformatar o olhar que lançamos sobre o mundo. Entre os planos do novo ano, está a realização de mais sessões especiais e a ampliação dos espaços de debate, a exemplo da mostra Olhares sobre o olhar, no ano passado. O grupo põe em prática ainda um novo conceito para as sessões surpresa, ocasião em que o público só descobre o filme no momento de exibição.

Através da curadoria, o Dissenso vem ressaltar a urgência de que exibidores invistam em espaços de circulação de filmes mais plurais e diversificados que o leque que se apresenta nas salas comerciais do Recife, esforço que o coletivo compartilha com os próprios programadores do Cinema da Fundação. A iniciativa grifa o papel de protagonismo dos cineclubes em suprir lacunas do circuito comercial, que cerceia cada vez mais o consumo crítico.

Angélica

O filme teve estréia mundial em maio do ano passado no Festival de Cannes e é mais uma prova do vigor criativo do longevo realizador português. Com base em argumento escrito entre 1949 e 1952 por Oliveira, o longa traz a história de Isaac (Ricardo Trêpa), jovem fotógrafo que recebe a incumbência de tirar a última foto de Angélica (Pilar López de Ayala), a filha de um rico casal que morrera poucos dias após o seu casamento. Ao enquadrar a moça, Isaac é assombrado por uma imagem: no visor de sua máquina fotográfica, Angélica aparece viva e sorridente. O estranho caso de Angélica não tem previsão de estreia comercial no Brasil.

Cineclube

O Dissenso surgiu a partir da criação de um blog de crítica cinematográfica. No começo, era realizado no Centro de Artes e Comunicação, no campus da UFPE, sob o mote de que todos os filmes exibidos tivessem, sobretudo, o caráter de raridade. Em junho de 2009, o cineclube mudou de endereço, passou a funcionar na Fundação Joaquim Nabuco e a discussão curatorial se expandiu. O projeto foi aprovado na última edição do Edital do Audiovisual do Funcultura, promoção da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).

De julho de 2008, quando surgiu, até hoje, já foram exibidos filmes de cineastas como Andrea Tonacci, Bela Tarr, Jan Svankmajer, Michael Haneke, Nicholas Roeg, Arnaldo Jabor, Hiroshi Teshigahara, Ana Carolina, Tsai Ming-Liang, David Cronenberg, Bruce la Bruce, Rainer W. Fassbinder, Sergei Parajanov, Raoul Ruiz, Russ Meyer, entre dezenas de outros. As sessões acontecem aos sábados, às 14 horas, no Cinema da Fundação. Após as exibições, são realizados debates abertos ao público.

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