sexta-feira, 4 de novembro de 2011

ESPECIAL CHARLES LAUGHTON - FILMOLOGIA


É sob o signo da saturação, da velocidade de informações e de filmes que chegam até nós 32 horas por dia que provavelmente enxergamos e construímos essa edição, como uma pequena afronta a tudo isso, tecida em aparente tranquilidade, em números pequenos e em lentidão. Já fomos, nos últimos anos, bombardeados pelas milhões de imagens ao nosso redor, fomos vítimas de uma Hiroshima cinematográfica, catástrofe atômica e autofágica, decerto movida por noções quantitativas, que adoecem a memória e os afetos, retirando-lhes certos sentimentos e jogando-os em espaços que não cumprem a promessa de serem vistos. Por isso, por essa perda de ideias jogadas nos borrões intocáveis da velocidade, temos já um comportamento explícito: quando saímos de um número como foi o anterior, sentimos o peso que nos interrompe o fôlego e que nos faz reavaliar a função de ver tantos filmes, de se deter brevemente e sem volume de tempo em infindáveis imagens diversas compostas por frações de inexatos milissegundos.

Por que então, embriagados de velocidade, não podemos utilizar como antídoto ao desgaste cerebral e de retina causados pela fricção constante com as imagens, o estacionamento e a estagnação sobre uma figura, apenas? Sobre um filme, apenas? Sobre uma cena, apenas? Sobre um ator, apenas? Por que não nos libertarmos da “prisão” do autor? Por que não substituir o rosto desse autor, na capa da edição, pelo poder de uma única imagem iconográfica, índice por excelência de sua única obra? Por que não olharmos com atenção Charles Laughton como ator, e Charles Laughton como diretor de um único filme, o pesadelo arquitetado por uma iluminação nada secreta, chamado O Mensageiro do Diabo (1955)? É disso que nosso presente número se alimenta e trata, de uma pausa no ritmo, de uma pausa nas muitas imagens dos muitos filmes, de uma retenção necessária à cinefilia, voltando-se à observação atenta de nossos ícones e dos movimentos que eles realizaram com seus corpos. É então neste pequeno intervalo que tocamos pela primeira vez o cinema norte-americano clássico nas páginas de nossas edições, através do desequilíbrio, da estranheza onírica e da objetividade macabra do filme de Laughton.

Edição Especial - #07 Charles Laughton


ACESSE AQUI

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