sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O INACABAR DO SER


Um Dia no Campo, Jean Renoir, 1936.

É como se pelo espaço da janela eu pudesse estender as mãos em paz, rendido a quem nunca apreciei com o prazer devido. Justiça seja feita, poucas vezes o cinema terá atingido tamanho regozijo de vida, este frescor do suspiro, do deixar-se levar pelo vento. E é muito mais do que um cinema-janela, pois aqui não ocupa a fenda um reducionismo simbólico, mas uma espécie de simples constatação de que há coisas que se ofertam aos olhos sem negar o toque, sem esconder outras necessidades de pele.

Neste filme inacabado de Renoir talvez o mais completo mundo realmente encontrado pelo diretor. Porque nem tudo pede um fim, ou melhor, pois o fim sempre chega, nem todos os fins precisam de determinados meios. Um beijo, um arbusto dobrado; fecham-se os olhos para que se abra o amor... E assim nasce o cinema.

Um comentário:

  1. Realmente uma obra-prima de Renoir. Acho que apenas dois filmes do mestre superam este: "A Regrado do Jogo" e "A Grande Ilusão". Rafael cinemavelho.com

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