segunda-feira, 2 de novembro de 2009

CONTEMPLAÇÃO


Monge Diante do Mar, Caspar Friedrich, 1810.

Um pequeno homem beirando a insignificância contempla a imensidão da natureza. Eis uma situação recorrente na obra de Caspar Friedrich (1774-1840), romântico alemão que figurou como ninguém o poder devastador da paisagem diante de alguém que simplesmente contempla, e que nada pode fazer além disso.

Um dos nomes mais associados à manifestação do sublime em pintura, Friedrich foi um homem que soube através de suas telas refletir a incongruência do contato entre o homem e Deus, instaurando em nós, que nos limitamos a contemplar aquele que contempla, uma sensação de abismo inigualável, equilibrada entre o maravilhar-se e a impotência, a vida e a morte.

Eu me pergunto no que o pequeno monge pensa, ou mesmo se a ele é possível pensar. Talvez não reste mais do que o sentir. Constatar que a finitude do mar contamina-se pela infinutde do céu. Desejar que essa mesma imensidão o toque. Transforme. E consequentemente me alcance.

"Fecha teu olho corpóreo para que possas antes ver tua pintura com o olho do espírito. Então traz para a luz do dia o que viste na escuridão, para que a obra possa repercutir nos outros de fora para dentro."
Caspar Friedrich

Um comentário:

  1. É de dar raiva só vir a saber da existência desse homem agora...
    Nossa...

    Fernando, assisti dia desses a uma película palestina, bem interessante: Paradise Now...
    Escrevi algo sobre esse filme. Mas antes de tudo: recomendo-o.

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