sábado, 31 de dezembro de 2011

TOP LIVROS 2011


1º Lugar: O Lustre (Clarice Lispector)
Se em 2010 me abstive de indicar algum livro desta escritora, com o pretexto de organizar posteriormente um Top só dela (que ainda estou devendo), não tenho como deixar passar 2011 sem elegê-la como a responsável pela mais importante experiência literária que vivi no correr do ano. De um impacto assustadoramente semelhante ao que um dia Água Viva foi em mim, O Lustre é destes raros livros que conseguem colocar a essência do que é viver em palavras. Seus personagens flutuam entre as páginas e pouco fazem além de existir. Nisso fazem tudo. Livro luminoso que irradia fôlego de vida, ponto de criação; renovo de amor por esta mulher, pelo ato de ler, e com isso aceitar que viver é preciso.

2º Lugar: Cinefilia (Antoine de Baecque)
Pelo oportuno aprofundamento crítico junto ao cinema que o ano me trouxe, nada poderia ser mais coerente do que uma maior conscientização do ser cinéfilo. Livro histórico, história de amor, esta compilação do crítico francês foi um passo muito importante para reposicionar o lugar do cinema em mim, não só dos filmes, mas de sua permanência, seja pela escrita, pelo compartilhamento, por tudo que fica para além dos créditos finais. E que se destaque o valor de ter vivido esta experiência de leitura junto com o amigo Ranieri Brandão, outro que marcou meu 2011 de uma forma mais que especial. Ao contrário do que dizem, ler não é nada solitário.

3º Lugar: Clarice, (Benjamin Moser)
Pois é, não dá mesmo pra dissociar dela o meu ano. A biografia escrita por Moser, impecável trabalho editorial e documental, ganha ainda mais valor para mim pela premissa espiritual que a motiva, de investigar a vida de Clarice e seu ofício junto à Literatura enquanto uma incansável busca pela letra oculta de Deus. Se hoje minha aproximação acadêmica da escritora é orientada justamente sob os traços do divino que nela estão marcados, a leitura desta apaixonada obra foi uma das confirmações definitivas de que estou no caminho certo, ou que pelo menos, encontrei um caminho. Que Deus me ajude a manter este amor.

4º Lugar: O Livro Por Vir (Maurice Blanchot)
Apesar de ainda não concluído, este impressionante trabalho de Blanchot é peça obrigatória na minha trajetória literária de 2011. Ano em que renovei sob muitos aspectos meu desejo por uma vida com a Literatura (espero os frutos em 2012!), compreender que a vocação literária é algo que sempre exige o tempo futuro, a abertura porvir, tem sido indispensável para a manutenção do sonho. Se o “mais terrível e belo dos mundos, o livro” permanece como intenção de meu amanhã, aceito o bom combate. Que o futuro venha.

5º Lugar: A Viagem (Virginia Woolf)
Experiência ainda bem recente, o primeiro romance de Woolf foi dos mais intensos mergulhos que a escritora já me proporcionou (desses com água bem gelada, que machucam ao te lembrar da vida). Inventário de solidões, é livro que não conhece o fim, exatamente por lembrar que apesar dos acontecimentos que nos pesem, o mundo prossegue, o tempo não cessa. E isso dói. A ressaltar também a presença da amiga Rosângela Neres, maior woolfiana que conheço, responsável por esta minha leitura e presente em absolutamente cada página entre aquelas duas capas. Livros não trazem apenas palavras.

Menção Honrosa: A Música Desperta o Tempo (Daniel Barenboim)
Leitura implicada pela minha nova realidade musical de 2011 (como seminarista no curso de Música Sacra), esta aproximação ao maestro Barenboim foi coisa do acaso (?), decidida simplesmente pela beleza do título. Sua perspectiva refinada, ao aproximar a música de uma compreensão política do mundo, encontrou boa identificação na minha própria maneira de abraçar as artes; como ele conclui: “O pensamento lógico e as emoções intuitivas devem estar constantemente unidos. A música no ensina, em resumo, que tudo está ligado.” Que o bom diálogo permaneça.

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