quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A DAMA SEM CAMÉLIAS


A Dama Sem Camélias, Michelangelo Antonioni, 1953.

Novo post no MAKING OFF.
(outra parceria com o amigo xKoJaKx, valeu de novo!

SINOPSE:
Jovem e bela atriz, encantada com o mundo do cinema e o sucesso alcançado, não consegue administrar sua própria vida como gostaria. Envolve-se contra vontade com um produtor e após o casamento se vê mergulhada num conflito de emoções semelhante aos dramas de seus filmes. Não encontra felicidade em nada.
Descobre que toda a fama deve-se apenas a sua beleza, e que ninguém lhe acredita capaz de uma boa atuação. Se esforçará para mudar esse quadro. Tentará encontrar amor em outro homem. Mas como ser feliz além das telas? Como sobreviver com a beleza no mundo real?

CRÍTICA:

Um filme sobre dor, sobre amores frustrados, sobre a incompletude e a ilusão da felicidade. Antes de tudo, um filme sobre o cinema. Em A Dama sem Camélias, Antonioni exercita uma melancólica metalinguagem para se aventurar numa psicologia desesperada, numa personagem que já suporta grande parte de tudo que sua obra ainda refletirá sobre o feminino. O espaço para sorrisos é pequeno. A verdade sobre o entretenimento cinematográfico é dúbia. E por estar no terreno da sétima arte, Antonioni terá oportunidade para tecer um ácido tom crítico sobre o mundo das celebridades, a distorção do entendimento de Arte, o desgaste de uma linguagem estética que se transforma em mercadoria e lucros.

A marcante utilização dos espaços filmados, sejam eles o centro urbano, os sets de filmagem (especificamente o cenários das ruínas), ou a mansão do casal principal, todos carregam o peso do olhar de um mestre. Aparentemente com menor rigor. Mas com uma preocupação que se detém na arquitetura da protagonista, pois é em seu corpo, no esculpir de seu belo rosto que residirá a falsa alegria. A dialética do corpo surge assim, num espantoso pensar da imagem, pois à medida que o cinema depende dos corpos e mesmo de sua beleza para o desenvolver narrativo, permanece o desafio de como representá-los sem uma indevida submissão.

A lágrima final é do próprio Antonioni. E não deixa de ser uma lágrima do próprio cinema. Engolida por um sorrir amargo. Por uma aparência de ilusão vencida, enganosa e enganadora. Mas que em Antonioni é revelada. Descoberta. Pois a felicidade é uma coisa frágil, possível de se encerrar com o acender das luzes.

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