quinta-feira, 20 de agosto de 2009

SETE CANAS, UM VESTIDO

Nota para os amigos leitores que não são membros do Making Off:
Agosto está sendo um mês dedicado a Michelangelo Antonioni por lá, por isso estou trazendo tantos posts sobre o mestre. Com o intuito de marcar presença acabei me apegando ao ritmo das postagens, fazendo tradução de legendas (já virou terapia) escrevendo a sinopse e as críticas, etc e tal. Como não está me sobrando tempo para escrever especificamente pra cá e eu levo um tempinho considerável para arrumar os filmes lá, aproveito e divulgo as novidades por auqi, afinal, são muito valiosas... Como por exemplo essa aqui:


Sete Canas, Um Vestido, Michelangelo Antonioni, 1949.

Novo post no MAKING OFF.

O filme documenta o processo de produção do raiom, desde a colheita das canas, a extração da celulose, a conversão em fios de viscose, até sua utilização em elegantes vestidos de moda.

Um milagre.
Esse é o termo usado por Antonioni para a transformação da cana em vestidos.

Um castelo.
É assim que ele chama a torre industrial enquanto ela expele sua negra fumaça.

Um poeta.
Como encontrar outro nome para Antonioni?

Muito mais do que um exemplar neo-realista, mas inserido no período em que Antonioni ‘engatinhava’ cinematograficamente agarrando-se no movimento italiano já consagrado; Sete Canas, Um Vestido me parece antes de tudo uma Poesia. Um deslumbramento. E em coerência com a metáfora do bebê que engatinha, como ignorar que esse é mesmo o papel do artista diante da vida? Diante dos acontecimentos do mundo que se aprisionam numa aparência insignificante para serem revelados exatamente pelo objeto de Arte.

Impressiona a exaltação do episódio narrado, não apenas pela alusão das palavras (milagre, castelo, etc), mas pela maneira como a câmera se deixa seduzir junto ao que filma. Seja a colheita, o exterior das fábricas, o trabalho dos operários, a repetição mecânica das engrenagens, tudo é minuciosamente acariciado por uma câmera que faz de suas imagens versos, de suas sombras rimas.

Nessa breve experiência há um abrir de olhos,
Um sinal de que o milagre realmente nascera.
O seu nome? Cinema.
Ou melhor: Antonioni.

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