sexta-feira, 21 de agosto de 2009

LIMPEZA URBANA


Limpeza Urbana, Michelangelo Antonioni, 1948.

Novo post no MAKING OFF.

“O cinema tem de se interessar pelo homem em sua aventura de todos os dias.”
Cesare Zavattini


Fiel ao conselho do grande teórico neo-realista, Antonioni compôs em N.U. um exemplo notável dessa forma de fazer cinema. O verbo ‘compôr’ vem mesmo agregar ainda mais significado a essa experiência documental, pois com o apoio musical de Giovanni Fusco, o que Antonioni faz nesses minutos de filme é uma verdadeira sinfonia, uma grande composição que harmoniza a um só tempo a realidade do grupo de pessoas filmadas (limpadores de rua) e o espaço em que essas pessoas trabalham e vivem. O esquecimento do monólogo habitual aos primeiros curtas do mestre, interrompido aqui em apenas 1 minuto de filme, dá lugar a um acompanhamento sonoro que valoriza mais que qualquer palavra as situações enxergadas, as imagens sobreviventes.

E nessa harmonia, é impossível não ouvir um prelúdio do futuro Antonioni, principalmente quando nos minutos finais ele se preocupa com menos gente e mais lugar, com menos barulho (e até música) e mais olhar. Aqui, um sinal do gênio que transformaria a utilização do urbano no cinema, que converteria o espaço a uma nova dimensão. Impossível ignorar.

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