terça-feira, 29 de dezembro de 2009

TOP LIVROS 2009

Ironicamente, o ano em que me torno mestre em Teoria Literária foi o ano menos literário de minha vida... Com a correria dissertativa as leituras se transformam e sou levado a priorizar pela necessidade mais os livros sobre Literatura que a própria Literatura, e mesmo entre estes, o tempo limita a leitura há poucos capítulos ou páginas mais importantes, impedindo muitas vezes leituras integrais. No meio disso tudo, meu Top do ano fica diferente de outros, mas com coisas que merecem ser recomendadas, então lá vai:

1 º LUGAR: ESCULPIR O TEMPO (ANDREI TARKOVSKI)

Não podia ser diferente e nem era segredo pra ninguém. Quem me acompanhou durante o ano, principalmente no primeiro semestre, sabe o quanto esse livro foi definitivo pra mim. Uma verdadeira Bíblia não só do pensamento cinematográfico, mas de todo campo estético, passando assim por reflexões que englobam as mais diversas questões do humano, enraizadas num amor singular pela vida. Esse vai pro topo da cabeceira, para ler e reler sempre!

2º LUGAR: MODERNISMOS (T.J. CLARK)

Mesmo sofrendo com a limitação do tempo e das prioridades urgentes, mesmo não tendo lido integralmente todos os seus ensaios, não poderia deixar de dedicar uma posição especial no Top pra este livro do historiador de arte T. J. Clark. A reflexão feita sobre a Modernidade, englobando da Revolução Francesa até o mundo pós - 11 de setembro, é reunida por ensaios distintos, que versam sobre o lugar da arte e do artista num mundo desencantado. Talvez um dos livros mais esteticamente políticos que eu já tenha lido; nele (re)aprendi que o mais importante é fazer a pergunta certa no momento certo.

3º LUGAR: OS FILMES DE MINHA VIDA (FRANÇOIS TRUFFAUT)

Presente dos queridos amigos Michelle, George e Fredonina, num dia muito especial marcado pela defesa de minha dissertação, o apanhado de críticas feito por Truffaut do período em que atuou na Cahiers du Cinéma, foi um verdadeiro remédio pro meu fim de ano. Os textos, deliciosamente curtos, quase como num blog impresso, foram sendo tomados aos poucos por mim, como dosagens medidas de uma vitamina. Além de confirmar um favoritismo pessoal de preferência pelo Truffaut crítico sobre o Truffaut cineasta, serviu pra aumentar minha lista de filmes pendentes para 2010.

4º LUGAR: POR UM NOVO ROMANCE (ALAIN ROBBE-GRILLET)

Muito mais do que um tratado estilístico de uma escola literária (Nouveau Roman), as teorias de Robbe-Grillet compõem o mais sensível manifesto literário que provei esse ano. Assim como as confissões de Tarkovski, Grillet vai além da Literatura, refletindo aspectos fundamentais da condição artística e da postura criadora, instaurando em mim aquela permanente vontade de escrever mais e mais, bastante sufocada nesse 2009, mas com ótimas perspectivas para o ano vindouro.

5º LUGAR: PEQUENAS TRAGÉDIAS (ALEXANDER PÚCHKIN)

Esse foi predestinado. Ao invés das prováveis indicações cinematográficas que o livro de Tarkovski poderia me oferecer, a grande descoberta proporcionada pelo russo foi a do literato Púchkin. Não bastando ser o autor dos mais belos versos que provei neste ano (já postados aqui), o acaso me fez certo dia encontrar um livrinho numa prateleira que combinava exatamente com o valor que tinha no bolso. Donde pude experimentar algumas tragédias inesquecíveis, onde o trágico muito mais do que na brevidade das tramas, revelou-se concentrado no simples fluir das palavras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Algo para mim?