Uma das sessões mais tristes já experimentadas na
vida, em toda a duração de Batman – O Cavaleiro
das Trevas Ressurge fiquei a pensar na tragédia que ocorreu com os
espectadores na estreia do Colorado. O medo e o luto de alguma forma soterraram
todo o leque de comparações que eu teria feito do filme em outras
circunstâncias (quem melhor dirigiu ou interpretou algum dos filmes da série;
qual o melhor Batman, vilão ou situação filmada, etc.). Desta vez a comparação
deu-se em outro nível: puxada pela lembrança de uma sessão que já data em mais
de duas décadas, em 1989, uma das primeiras que eu vivi dentro de um cinema, na
primeira adaptação dirigida por Tim Burton. Momentos distintos de vida. Num
primeiro o desabrochar de uma cinefilia esperançada, deslumbrada com o mundo;
num segundo, a decadência de um olhar que já descobriu o mundo e não se ilumina
tão facilmente. A despeito das qualidades de cada filme — pois não me interessa
aqui pontuar a excelência de Burton ou obviedade de Nolan —, guardo agora uma
comparação dos tempos e de minha subjetividade. A máscara despedaçada do herói
ferido é a mesma que escondia o mundo de meus olhos, ou melhor, que o iludia
para mim. Lamentar sua quebra não é coisa que o valha, pois o crescimento
ficou. E o restar da letra também pede o silêncio.
Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge (Christopher Nolan, 2012) |
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