quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A MÁSCARA CAÍDA


Uma das sessões mais tristes já experimentadas na vida, em toda a duração de Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge fiquei a pensar na tragédia que ocorreu com os espectadores na estreia do Colorado. O medo e o luto de alguma forma soterraram todo o leque de comparações que eu teria feito do filme em outras circunstâncias (quem melhor dirigiu ou interpretou algum dos filmes da série; qual o melhor Batman, vilão ou situação filmada, etc.). Desta vez a comparação deu-se em outro nível: puxada pela lembrança de uma sessão que já data em mais de duas décadas, em 1989, uma das primeiras que eu vivi dentro de um cinema, na primeira adaptação dirigida por Tim Burton. Momentos distintos de vida. Num primeiro o desabrochar de uma cinefilia esperançada, deslumbrada com o mundo; num segundo, a decadência de um olhar que já descobriu o mundo e não se ilumina tão facilmente. A despeito das qualidades de cada filme — pois não me interessa aqui pontuar a excelência de Burton ou obviedade de Nolan —, guardo agora uma comparação dos tempos e de minha subjetividade. A máscara despedaçada do herói ferido é a mesma que escondia o mundo de meus olhos, ou melhor, que o iludia para mim. Lamentar sua quebra não é coisa que o valha, pois o crescimento ficou. E o restar da letra também pede o silêncio.
 
Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge (Christopher Nolan, 2012)
 

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