Toda Nudez Será Castigada (Arnaldo Jabor, 1973) |
Esta
semana vivi um mergulho abissal no imaginário cinematográfico de Nelson
Rodrigues, nos tantos filmes nascidos de suas fontes literário-dramáticas. Revelou-se
a mim uma nova perspectiva de vida, que ainda preciso amadurecer para lidar
pacificamente. Mas talvez não seja possível a paz para o olhar que se contamina
por Nelson. Porque tudo vai pelo ralo. As moralidades, as crenças, as
seguranças, as imagens que guardo do mundo, dos outros (amigos, vizinhos,
parentes), a imagem de mim, tudo escorre e se mistura para um esgoto do qual
não se foge mais.
Muito
especial e emocionante a participação na Mesa com Neville D'Almeida, no último
dia 23, como homenagem ao centenário de Nelson, dentro do Festival A Letra e A
Voz. Ele comentou detalhadamente o processo de criação de "A Dama do
Lotação" (escrito com o próprio Nelson, nas madrugadas, ao silêncio
quebrado pela datilografia) e "Os Sete Gatinhos" (filme que guardo, a
partir daqui, como a melhor adaptação do autor). Segundo o diretor, que sempre
sonhou em fechar uma trilogia rodrigueana adaptando algum de seus romances,
caso ele consiga vencer o tempo e todas as adversidades próprias ao nosso
cinema, seu próximo filme terá grandes chances de ser rodado aqui no Recife.
Como ele bem diz, Nelson precisa sair do RJ, ganhar o Brasil e o mundo em
imagens que ampliem sua universalidade.
Esta
semana Nelson me ganhou. E aqui começa o mundo (ou eu começo nele).
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