quarta-feira, 15 de julho de 2009

OS CONTORNOS DO HORIZONTE

Foi o deserto quem me levou ao cinema de Bruno Dumont. A areia de Twentynine Palms... Gerryzei em tudo aquilo. No amor e na dor do casal que precisava avançar.

É ao deserto que me reconduzo em Flandres. Mas agora só resta a dor. A convicção de uma guerra inconvicta, atos que se justificam na simplicidade do mau, no desejo de machucar. Pois até o amor dói na juventude.


Flandres, Bruno Dumont, 2006.

Uma jovem abandonada no cio. Dois machos abandonados pelas autoridades em meio à guerra. Lugar onde Dumont mais uma vez encontra abertura para não explicar nada, pois uma guerra não se pensa.

Homens-insetos penetrados pela areia, esquecidos no ventre de uma terra que os devora aos poucos, que os confunde com o vento, e que prosseguem não sabemos para onde. Apenas seguem. Algo os espera.

O horizonte é certo.
Nele há uma COISA.
Seu contorno assombra a jornada.
Como identificar o encontro com ela?

Há uma COISA me atraindo no cinema...
Eu já toquei, mas...





MUDANÇAS

/.../

no deserto
é o
olho

quem molda
as formas

do horizonte.

no deserto
é o
olho

quem forma
as normas

dos contornos.

no deserto
somos
o olho.

CONRADO FALBO

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