quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O CONDENADO


O Condenado, Carol Reed, 1947.

Novo post no MAKING OFF.

SINOPSE:
Militante, líder de uma Organização anti-governista e ex-presidiário, organiza um assalto a uma fábrica em forma de protesto. Envolvido numa imprevisível reação dos seguranças, termina gravemente ferido e abandonado pelos amigos. Vagará sem rumo encontrando apoio entre pessoas desconhecidas, carregando a possibilidade de ter assassinado um dos seguranças. Na verdade, a culpa é o que lhe dói mais. Como sobreviver ao peso de um crime? Como limpar e esquecer as mãos sujas de sangue inocente?

CRÍTICA:
O primeiro filme de Carol Reed após a Guerra coincide com o início do que pode ser considerada uma grande trilogia sobre Culpa e Inocência. Todas as questões morais envolvidas em O Condenado serão prosseguidas por suas próximas obras: O Ídolo Caído (1948) e O Terceiro Homem (1949). E não apenas elas, mas inúmeras outras características que conferem uma impressionante coerência ao universo dos 3 filmes. A mais notável, provavelmente, consiste na excelência técnica envolvida para a criação do suspense. Poucos cineastas conseguiram naquela época construir e sedimentar uma carreira com bases tão sólidas nesse nobre gênero cinematográfico, o que faz de Reed não apenas um conterrâneo do grande mestre Hitchcock, mas uma voz independente e notória na utilização do medo como motor narrativo.

“Em meu trabalho não existe o bem ou o mal, só inocência ou culpa.” Essa é uma das frases ditas pelo investigador em sua busca incessante contra o fugitivo, muito bem ecoada pela própria voz de Reed. Com sua discreta maneira de abordar o político através do espetáculo audiovisual no que ele pode oferecer de mais catártico, Reed compõe em O Condenado um grande leque de situações antológicas, inundadas por um sem número de personagens caricatos e inesquecíveis, cada um com uma maneira de olhar a culpa do protagonista. Aliás, esse último, numa visceral interpretação de um James Mason moribundo, nada mais será do que uma representação da própria culpa humana, uma expiação, num sacrifício e paixão cristãos, constantemente confirmados pela intertextualidade bíblica que a obra transborda.

O agonizar do homem, entremeado por inúmeras reviravoltas pelas ruas irlandesas, tão bem exploradas nos expressivos jogos de luz e sombra, fazem desse filme um dos exercícios mais físicos de Reed. Toda a inquietação moral e ética sobre o crime se delineará através de uma filmagem em incessante e rigorosa ação, encontrando no cinema o escape perfeito para perguntas que não calam na alma. Reed, consciente de seu lugar na sétima arte, tirará proveito como poucos dessa linguagem. Nesse sentido, ele é um grande culpado.

2 comentários:

  1. Topico 'O Condenado':
    comuninade Film Noir - Brasil

    http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=1660283&tid=2503803055525425799&na=4


    abrx

    mrlx

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  2. "Carol Reed hacía sus películas de la misma manera que un relojero sincroniza sus relojes." Michael Powell
    "¡Ah, esta película es tan poderosa! No ha perdido ni un ápice de su fuerza con el tiempo. Ese estilo, esa atmósfera... las películas deben de tener estilo, concepto de forma. Si no, se convierten en la mierda que vemos todos los días en televisión." Roman Polanski

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