sexta-feira, 5 de junho de 2009

AINDA NA COISA


E eu nem pretendia criar mistério com meu post de ontem...

Só queria tentar passar... Não deu... Não dá... Ainda não estou de volta...

Enfim, tentei escrever um e-mail pra Maria do Carmo, precisava contagiar, saiu mais ou menos isso, ou quase, porque tive que encerrá-lo tendo uma crise de choro, um doloroso prazer no espírito.

Ligar pro Hermano e chorar foi a outra tentativa.. Eu sei, desconexo, não me perdoem...

Abaixo o e-mail (parece mais esclarecedor):

Ontem experimentei um dos filmes mais impressionantes da minha vida... É, eu sei que realmente frases assim vindas de mim têm soado banal para muitos, mas é tão difícil conter meu entusiasmo diante de certas obras... Sabe, se eu engolisse esse espanto cinematográfico que tenho o prazer de encontrar com tanta frequência acho que não teria motivos para amar tanto essa arte... Só me esforço para camuflá-lo quando estou escrevendo algo acadêmico, e ainda assim sofro com isso (rsrsrs)... Mas você é uma pessoa com quem me sinto à vontade para desabafar todo esse prazer que o cinema consegue me causar... Maria, estou em estado de graça... Meus sentidos extrapolaram, a noção de tempo, os ponteiros do relógio, tudo isso perdeu o sentido pra mim... Estou tendo dificuldades de entender que o chão continua sob os meus pés, que essa nossa realidade ainda existe e que eu sou obrigado a continuar enfrentando-a como se nada tivesse acontecido... É, sei que não é bem assim, não podemos ignorar as coisas que nos acontecem, e certas coisas nos transformam a um ponto que todos acabam percebendo... Ontem eu vivi um dos momentos mais intensos de minha vida, e não, não posso estar sendo banal ao declarar isso, pois é verdade... Estou tentado a declarar que acabei de assistir o melhor filme da década (pois é, enfim algo que ameace os meus queridos 21 Gramas, Irreversível, As Invasões Bárbaras, Lavoura Arcaica, etc etc etc), mas ainda não vou dizer isso porque quero muito insistir no teste da memória, da permanência do filme. Mas se eu fosse medir apenas pela intensidade como esse filme ficou em mim nas últimas 17 horas poderia assumi-lo de imediato, pois ainda não consegui despertar... Estou me recusando a isso... Não estou conseguindo colocar outra coisa em meus pensamentos, o arrepio na pele não quer largar, e começo a chorar em questão de segundos quando lembro de determinadas imagens... Meu Deus, é como se eu tivesse penetrado num contato pleno com Deus, experimentado o gozo físico mais intenso, como se eu tivesse vislumbrado aquilo que eu sempre procuro num filme e é tão raro encontrar.... Meu coração está apertado, talvez como um dia, na minha infância, esteve diante de 2001... Eu vi o infinito... Ele existe... Recuso-me a pedir desculpas por todo esse exagero, esse drama, essa enjoada poesia, mas não posso... Meus dedos chega estão tremendo, meus olhos embaçados, céus, eu queria sumir...

E após sua resposta ainda tentei:

Bem, continuo por aqui, com a sensação de que não preciso ver mais nenhum filme esse ano, apenas rever Gerry, uma, outra, outra, mais outra, por infinitas vezes... Sério, eu estou sentindo uma coisa mais ou menos assim: como se todo esse meu amor e dedicação ao cinema tivessem me conduzido para chegar a esse filme em particular. Como uma razão de vida mesmo. Não tô com vontade de ver mais nada, para não poluir, não esquecer, não me contaminar nesse estado de santificação a que Van Sant me levou. Vamos ver até quando isso vai durar...

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