sexta-feira, 5 de junho de 2009

AMOROSA PERSEGUIÇÃO


Um Corpo que Cai, Alfred Hitchcock, 1958.

Um dos mais belos momentos da história do cinema. Daqueles que eu costumo chamar de ‘essencialmente cinematográficos’. Scottie (James Stewart) perseguindo sorrateiramente Madeleine (Kim Novak), pelas ruas de São Francisco, numa otimização dos recursos sonoros e visuais (uso da cor), manejados de maneira exemplar, proporcionando um crescendo de suspense pautado pela meticulosa construção do mise en scene cinematográfico. Perseguição que em após quase 15 minutos de rigor, culmina na tentativa de suicídio de Madeleine às águas do Rio São Francisco, ato evitado quase milagrosamente por um Scottie piedoso, carinhoso e já praticamente apaixonado.

É verdade que o prosseguimento da intriga desconstrói essa compreensão narrativa inicial. Mas no momento, da maneira como está serve...

Serve para ilustrar o belíssimo capítulo que tive a oportunidade de ler ontem, por acaso (?), na casa de meus parentes, do livro Aliviando a Bagagem de Max Lucado. Autor que representa minha maior descoberta na literatura religiosa desse ano. Impressionante a sensibilidade poética com que ele se debruça sobre o conhecimento bíblico. A força de seus insights constrange e permanece em meu coração sem nenhum esforço, como no exemplo que quero trazer, presente no capítulo 17 do livro, chamado A Amorosa Perseguição de Deus. Por se tratar de um livro que interpreta detalhadamente o famoso Salmo 23, aqui encontramos um comentário sobre o v.6.

Tua bondade e misericórdia
Certamente me seguirão
Todos os dias da minha vida
/.../


Incrível, mas eu nunca tinha percebido a força do verbo ‘seguirão’... Vejamos parte das palavras de Lucado:

"E o que Ele (Deus) fará durante esses dias? Ele irá ‘seguir’ você.
Que modo surpreendente de descrever Deus! Estamos acostumados a um Deus que permanece num lugar. Um Deus que está entronizado nos céus, e governa e ordena. Davi, no entanto, visiona um Deus móvel e ativo. Atrevemo-nos a fazer o mesmo? Ousamos visionar um Deus que nos segue? Que nos persegue? Que nos caça? Que vem em nosso rastro e nos conquista? Que nos segue com ‘bondade e misericórdia’ todos os dias de nossa vida?"

Difícil não me emocionar... Essa é a compreensão que o homem precisa ter de Deus. A presença divina na vida de uma pessoa não é nunca desinteressada, passiva. Pelo contrário! O amor divino é dinâmico, e assim como o que encontramos no personagem hitchcockiano, é piedoso, carinhoso, apaixonado... Ainda que esqueçamos ou desconheçamos sua presença...

Muito bom saber que Ele vai comigo, me seguindo, me acompanhando... Ah, fica ligado você que agüentou me ler até aqui! Ele também está querendo fazer isso com você...

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