sexta-feira, 5 de junho de 2009

UM POUCO DE PAZ...


Condenação, Bela Tarr, 1989.

Desesperança.

Ruínas.

Envelhecimento.

Desintegração.

Uma janela com o vidro manchado pela incessante água da chuva a escorrer... escorrer... E o prazer de ver o fluir das águas distanciando o raciocínio, ignorando o pensamento... escorrendo...

Não dá pra dizer.

Como das outras vezes, minha terceira experiência com Bela Tarr prossegue no inexplicável prazer de simplesmente existir e gozar...

Viver...

São tantas as vezes em que suas imagens escurecem até o desaparecimento total da luz (obsessão com o último capítulo de Sátántangó), são tantas as vezes em que os diálogos e as músicas são rompidos pelo cair da chuva... o cair... o cair...

Tudo é negro.

O homem é bicho.

A terra é lama.

Sobreviver é covardia.

Ah, se eu pudesse ficar... No limiar da imagem ficar... Desde a primeira, onde já sou capturado e lançado numa hipnose dolorosa, onde a névoa me penetra as cavidades e assenta em minha alma... Ficar...

Eu fico.

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