GOSTO SIM, E DAÍ???

High School Musical 3, Kenny Ortega, 2008.

Prosseguindo minha jornada aos filmes picantes que estão sendo exibidos deixei a vergonha de lado e fui (apesar de tudo) escondidinho assistir... HIGH SCHOOL MUSICAL 3!

Confissão das confissões (provavelmente a maior que já fiz por aqui): sou um super fã de High School Musical...

Ah, saiu! Incrível como algumas coisas tão simples parecem ser a incorrência num crime! Só por encabeçar o post com essa foto imagino a surpresa que muitos tiveram... OK, adoro musicais e carrego o amargo sabor de não ter vivido na época em que eles se aglutinavam nas salas de cinema... Só pra delinear melhor uma idéia do valor que o gênero musical marcou na história do cinema, vejamos o que Ismail Xavier escreveu em Cinema no Século:

“Começaria afirmando que, de todos os gêneros cristalizados pelo cinema de Hollywood, o musical é o que apresenta o maior número possível de técnicas e estratégias geralmente associadas ao projeto modernista. Segundo Jane Feuer, anatomista do musical, esse gênero, assim como as pinturas cubistas, por exemplo, também fragmenta o espaço, multiplicando e subdividindo a figura humana em duplos, triplos, alter egos.

(...) O musical também, mais que qualquer outro gênero, naturaliza a platéia do cinema e faz dessa platéia uma platéia viva, o que inclui, muitas vezes, os aplausos, corporificando no celulóide a subjetividade dos espectadores da sala de cinema. São inúmeras as seqüências que buscam um efeito de tempo real, de uma experiência vivida. (...) O musical sempre prevê o espectador. Ele faz parte do jogo...”

Entre muitas outras palavras a consciência de que o musical é um gênero quase morto é um fardo que sou obrigado a carregar. O vigor do espetáculo outrora devido aos musicais hoje foi depositado no quê?? Nem consigo vislumbrar resposta... Por mais de 20 anos a única produtora de filmes que ousou manter a funcionalidade dos musicais (números cantados e coreografados que contribuem no desenvolvimento diegético da obra) foi justamente a Walt Disney. E pelo visto, nem ela nem nenhuma outra animação da atual década valem-se mais do efeito musical para narrar... Talvez esse seja o motivo de um filme como Moulin Rouge um dia ter me tocado tanto, e mais precisamente, o próprio High School (olha a santa Disney em ação de novo) me acertar em cheio...

Se o 1º e o 2º exemplares da série limitavam-se a números pops bonitinhos para serem cantarolados por crianças e adolescentes (e o marmanjo que vos escreve), esse último filme torna explícita em diversas seqüências a herança histórica e artística que carrega, referenciando claramente filmes como Cantando na Chuva, Amor Sublime Amor, Núpcias Reais, (além do óbvio Grease) e muitos outros! Como vou driblar a emoção de perceber que um gênero está sendo lembrado a essa nova geração perdida? Seguindo a possibilidade de toda obra comercial, ele pode e deve ser um chamariz para muitos iniciarem uma curiosidade sobre o gênero (lembro o fato de Sidney Sheldon ser o responsável por hoje eu estar num mestrado em Literatura...)


High School Musical, Kenny Ortega, 2006.

Bom, como já fiz minha média de teórico, com direito a citação científica e tudo mais, acho que posso terminar minha confissão afirmando que High School é a coisa mais fofa do mundo... Uau, ter coragem de dizer isso a peito aberto prova que atualmente meu melhor amigo é esse blog... (rsrs) Por isso eu já não tô mais nem aí pra o que vocês vão pensar de mim... Seguindo a máxima moralista do próprio filme: posso até ser um cinéfilo metido a besta, mas tem coisas que deveriam ficar acima de qualquer racionalização, e eu posso sim, ser quem eu sou sem me importar com os outros (difícil...)

O fato é que lá na sala eu gargalhava, me derretia com as bobagens românticas do casal principal (fofos, fofos, fofos...), nem me importava com o barulho das meninas atrás de mim, e experimentava o prazer do espetáculo que o cinema pode e deve (pelo menos de vez em quando) proporcionar! Ufa, que desabafo... Me desculpem, mas eu precisava! Não escrevi tudo isso ontem pra não ser mais passional ainda, pois eu teria sido capaz de sair da sala e comprar outro ingresso pra ver de novo (já deu pra ver que sou fã mesmo...) Como não fiz isso, voltei pra casa com vontade de sair cantando e dançando no meio da rua... só vontade...

Bem, não quero saber de gracinha pra cima de mim! Sei muito bem que praticamente não existem possibilidades de nenhum de vocês simpatizar com High School então me deixem em paz (rsrsrs). Ah, mas se tiver algum doido abestalhado que nem eu, por favor, manifeste-se pra eu não me sentir tão solitário...

E quanto ao filme picante que mencionei?? Bem, se a Disney voltar atrás e resolver fazer o High School 4 (sim, sim, sim), todo mundo sabe qual o próximo passo a ser dado pelo Troy e a Gabriela...