sexta-feira, 5 de junho de 2009

AS CANÇÕES DO AMOR


As Canções do Amor, Christophe Honoré, 2007.

Assim como já era o caso em Em Paris, Canções de Amor é um filme que começa parecendo flertar com uma frivolidade de sentimentos e encenação, mas que logo propõe, numa virada, um enfrentamento com a morte e a perda. Há que se reconhecer o talento quase brutal de Honoré em conseguir intercalar a filmagem de situações emocionais pesadas com uma busca quase obsessiva pela felicidade, onde os personagens não param de se bater uns contra os outros das maneiras mais inesperadas, num cinema que parece nos dizer o tempo todo que não existe maneira errada de se tentar “ser feliz”. É aí, aliás, que o cinema de Honoré mais nos lembra o de Pedro Almodóvar: uma mesma generosidade de olhar, uma mesma paixão pela realidade filtrada pelo cinema, e uma mesma crença de que, na confusão que é estar vivo em meio a outros seres humanos, se relacionando com eles (e há que se notar como a família é um conceito fluido mas central para os dois cineastas), só se pode acertar errando.
EDUARDO VALENTE

Pois é, demorei um bocado pra falar da novidade de Honoré, autor que tem andado bastante presente por aqui. Na verdade, ainda não estou com vontade de falar sobre ele... (por isso a utilização do belo parágrafo de Valente) Só sei que apesar de ter me soado um pouco menor do que seus filmes anteriores, Honoré conseguiu outra vez assinar seu nome numa obra que cada vez mais se alicerça nesse estudo do masculino que eu já andei comentando.

Continuidade direta à Em Paris, tanto pelo estilo, pelas músicas, pela Paris, pelo ator, como até pela antológica cena do telefone de lá que é reprisada aqui com Garrel dialogando pelo celular com o jovem com quem flerta, ambos na mesma rua, se olhando à distância (talvez minha cena favorita). Nessa cena mesmo uma síntese desse ‘universo Honoré’ cheio de incertezas, inquietações, muito afeto e uma enorme distância presente entre duas almas que estão tão próximas uma da outra.Poucas palavras.
Prefiro mesmo que vocês toquem assim, de surpresa.

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