sexta-feira, 5 de junho de 2009

EIS: O SOM

“As imagens, com efeito, serão sempre coisas, e o pensamento é um movimento.”
Henri Bergson

O amigo Conrado comentou o último post com a afirmação: “A música, como o cinema, também produz imagens...” Pois é, caro amigo, tem sido fantástico constatar tal realidade, nova pra mim. Deparei-me com essa verdade ano passado, na leitura de Bergson (Matéria e Memória), pois por lá, você também pode confirmar, o filósofo já lida inúmeras vezes com o conceito de Imagem Auditiva, e de uma Percepção Auditiva Bruta em equivalência ao que ele denomina ‘continuidade sonora’. Ele ainda estabelece os seguintes graus de atenção ao analisar o processo e a capacidade sucessiva da memória ao lidar com esse tipo de imagem: Reconhecimento do som; Identificação do Sentido; Interpretação.

Já o livro de Yara (originado de sua tese) me empolgou ainda mais por toda a base sinestésica que propõe ao percorrer a história da música (achei notável a amplitude desse estudo, e o melhor, com clareza suficiente para qualquer um se aventurar), comprovando que até a música puramente instrumental, desprovida de um texto com palavras, nutre profundos laços com conteúdos visuais. Ainda segundo ela, algumas ‘escrituras musicais’ (gostei do termo) são tão comprometidas com a visualidade, que muitos compositores apontam como hipótese da aclamada ‘idéia musical’ os fundamentos de uma criação sonoro-visual originariamente fundida.

Puxa, estou realmente sensibilizado com todo esse universo musical se descortinando pra mim, não mais para os ouvidos, mas para os olhos, a pele e o arrepiozinho gostoso de uma boa música, enfim, para todo meu corpo. Por isso faço questão de compartilhar tudo por aqui, afinal, cada vez mais percebo que falar de literatura é falar de música, que falar de música é falar de cinema, que falar de arte... Pô, eu não paro de falar de mim mesmo...

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