sexta-feira, 5 de junho de 2009

A NECESSIDADE DA LÁGRIMA


As Horas, Stephen Daldry, 2003.

Há mais ou menos um mês atrás eu vi uma mulher falando num telefone público. Ela chorava. Eu achei lindo.

Na mesma hora me lembrei de uma cena que presenciei mais ou menos um mês antes (ou seja, há dois). Um casal de jovens discutindo. Ela chorava. Eu diminuí o passo e olhei bem porque... Achei lindo. O rapaz estava impassível, olhando pra ela com uma cara de ‘não seja ridícula’, ela, muito bonita por sinal, retribuía com uma expressão de ‘mas eu te amo’. Me deu mesmo vontade de ir tirar satisfação com ele, falar pra ele não fazer aquilo com ela...

Na verdade, a mulher do orelhão não estava chorando. Foi uma impressão talvez causada pela luz do poste. Mas eu quis que ela chorasse. Eu preferi acreditar que ela tinha chorado...

Bem, a briga do casal realmente aconteceu, não foi ilusão. Mas todo o episódio me inquietou (pelo visto muito, porque não consegui largá-lo), principalmente pelo incômodo de ter achado tudo lindo. Comecei a me lembrar dos meus filmes, e de como gosto de ver gente chorando neles, ainda mais em cenas que o pranto surge do nada, imprevisto, como numa necessidade. Acho que meu espanto foi perceber que o gosto pela dor alheia excede o exemplo artístico... Senti-me mau...

Ainda não tinha escrito isso aqui, apesar da vontade, porque acho que isso me revela cruel. Mas como eu tô meio choroso essa semana, com umas coisas remoendo minha cabeça, e sem muita inspiração para falar de outra coisa, resolvi abrir...

Se minhas lágrimas me absolvessem...

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