sexta-feira, 5 de junho de 2009

MAIS UM POUCO DE ARTE

A seguir, fragmentos do livro de Yara Borges Caznok (Música: entre o audível e o visível). Dessas coisas que fazem a correria das pesquisas valer a pena:

“Não se crê que a unidade de uma obra híbrida, uma ópera ou uma instalação, por exemplo, [eu incluo o cinema, claro] deva ser procurada apenas no grau de coesão entre seus diversos elementos constituintes (texto, música, cena, entre outros). A reivindicação da unidade perceptiva de uma obra não procede de dados objetivos, mas de sua expressividade sensível, de seu poder de evocar o que não está explicitamente presente, mas que tem presença sensível.”

(...)

“Mais do que em qualquer outra realização humana, é na obra de arte que se consegue ter acesso a essa potencialidade perceptiva. O poder de uma experiência artística subverte e ultrapassa o real, reconduzindo a visão e a audição à sua capacidade de se fazer presente por meio da virtualidade, da latência, do pressentido. O que um artista torna perceptível não é o que já está percebido, é aquilo que, silenciosa e discretamente, habita a obra e a faz solicitar um mesmo e único movimento de abertura para o que não é imediatamente perceptível. Daí vem a unidade de uma obra e a unidade de uma fruição.”

(...)

“É esse o convite que a obra de arte faz a seus espectadores, ouvintes ou participantes. É em nosso corpo sinestésico que ela se recolhe, habitando-nos poeticamente para revelar nossa experiência de mundo e nossa experiência de ser no mundo com a obra.”

(...)

“É este admirável, este imortal instinto do Belo que nos faz considerar a Terra e seus espetáculos como um vislumbre, como uma correspondência do céu. A sede insaciável de tudo que está no além e que revela a vida é a prova mais evidente de nossa imortalidade. É ao mesmo tempo pela poesia e através da poesia, pela e através da música que a alma entrevê os esplendores situados para além do túmulo.” (apud Lagarde & Michard)

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