sexta-feira, 5 de junho de 2009

FAZENDO AS PAZES

Fim dos Tempos, M. Night Shyamalan, 2008.

É um imenso prazer voltar a apertar sua mão e perceber que nem tudo está perdido Shyamalan. Muitos souberam o quanto você me decepcionou em sua bobagem anterior (A Dama na Água), causando um dos maiores desgostos que tive com o cinema em minha vida (com certeza o maior dentro de uma sala de cinema). Tão grande que chegou a abalar toda a convicção que eu tinha em sua obra anterior. Afinal, mesmo com as críticas negativas que você vinha recebendo em ritmo crescente desde sua única unanimidade (O Sexto Sentido), eu continuava sendo uma voz que lhe defendia abertamente, passando por cima dos poucos equívocos cometidos e declarando aos quatro ventos que você era o nome mais promissor vindo de Hollywood na última década. Até que tudo aquilo morreu quando vi você praticamente olhar na minha cara naquela fatídica tarde de estréia e através da humilhação de Giamatti pareceu me dizer: estou cagando pra você, estou cagando pro cinema e pra tudo! Perdi minha fé.

Ver seu novo filme (Fim dos Tempos) me prova que não é o fim. OK, a tradução aqui ficou péssima (o original é muito mais sugestivo e menos apocalíptico: The Happening), mas tiro o chapéu, você ainda merece crédito (só me dê um tempinho, é difícil voltar a confiar quando somos traídos). A beleza dos enquadramentos, o prodígio de fazer muito com quase nada em mãos, o estilo Shyamalam voltou. E como nos velhos tempos venho levantar a voz contra todos que estão acusando você de estar fazendo um simples discurso pelo meio ambiente, moralista e previsível. Quem afirma isso não percebeu que seus objetivos estão muito mais voltados para a visualidade e sonoridade (obrigado pelas sensações que o vento e o balanço na árvore me causaram) que o cinema pode oferecer (aquilo que chamo de cinematográfico) do que para as histórias que ele pode contar.

Enfim, obrigado pelo grafismo dos suicídios, pela herança hitchcockiana, e claro, por aquela fantástica velhinha que você arrumou para me pregar aquele previsível mas delicioso susto no final. (aliás, susto todo pautado pelo silêncio, numa soberba utilização da trilha de James Newton Howard, cara que, na minha opinião, é o melhor autor de música para suspense na atualidade) Até a próxima, amigo!

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