sexta-feira, 5 de junho de 2009

MY HUSTLER


My Hustler, Andy Warhol, 1965.

Meu primeiro post no MAKING OFF.

RESUMO: Um velho gay contrata um garoto de programa, Paul, pelo telefone para passar o fim de semana em Fire Island. Seu maior prazer é contemplar o corpo do rapaz enquanto ele se diverte na praia. Uma bela jovem e outro amigo michê questionam ao homem sobre o prazer que ele sente nisso. Fazem uma aposta. Aquele que conseguir seduzir Paul ficará com a casa do homem. No diálogo que travam no banheiro, os dois michês trocam confidências sexuais, profissionais e existenciais. Resta saber se Paul optará por continuar com esse tipo de vida.


CRÍTICA: É muito curiosa a forma como Andy Warhol escolhe filmar esse projeto (co-dirigido por Chuck Wein). Duas longas seqüências (uma na praia outra no banheiro), apresentadas num só fôlego, completam toda a duração da película. A escolha pela eliminação de uma decupagem multifacetada é habitual na carreira do cineasta, tanto em trabalhos anteriores como posteriores a esse, por isso a imobilidade plena da câmera na segunda parte não é propriamente inovadora. O grande destaque formal encontra-se na primeira delas. Em como a câmera, através de inesperados movimentos, capta a sensação do olhar humano, como se a lente existisse sensorialmente no lugar de nosso globo ocular. Os tremores, os gestos bruscos, a fixação sobre o corpo do ator despreocupado, insinuam que a maior atração exercida pelo corpo não se dá sobre nenhum dos três personagens que o observam de longe, mas sobre nós. Somos nós os voyeurs originais, é para nós que ele se exibe, em nós que a grandeza da imagem cinematográfica impregna-se.

A segunda cena do filme, um longo diálogo entre os dois efebos, filmada com um naturalismo pungente e hipnótico, não apenas vem desvelar os corpos numa nudez reprimida pela primeira parte como expor os questionamentos interiores que esses homens possuem. Como chegaram a se tornar garotos de programa, quais os benefícios, constrangimentos, o que os motiva a se comportar dessa forma, são assuntos desse jogo de sedução. Tudo, na verdade, aparenta ser um pretexto para Warhol experimentar uma reflexão existencial sobre a sexualidade, o homossexualismo e a prostituição.

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