sexta-feira, 5 de junho de 2009

A ÚLTIMA AMANTE


A Última Amante, Catherine Breillat, 2007.

Para quem não conhece a diretora, essa é uma mulher que pode ser considerada ousada (ou sem-vergonha, rsrsrs), isso porque toda a sua obra (iniciada em 1976) é marcada por um considerável flerte com a pornografia. Bem, de tudo que ela fez, os maiores destaques na utilização com o sexo explícito são Romance X (1999, filme que gerou um dos maiores micos que paguei na vida, nem me perguntem detalhes...) e Anatomia do Inferno (2004, na fila das minhas prioridades). Mas de repente essa danada me aparece com um belíssimo e super maduro filme de época!!...

A Última Amante tem dado o que falar. Baseada numa obra de Jules-Amédée Barbey d'Aurevillyque (ô nominho...), autora-seguidora de Chordelos de Laclos (Relações Perigosas), a nova ousadia de Breillat transpõe para os suntuosos cenários e figurinos suas habituais temáticas sobre o amor e o sexo. Apoiada pelas inusitadas atuações de Asia Argento (filha de Dario) e o estreante Fu'Ad Ait Aattou (meu Deus, hoje os nomes estão me desafiando)..........................................

Mas o que é que eu tô fazendo aqui??? Escrevendo uma dessas resenhas todas informativas que sobram na net e nos jornais e dizem tão pouco sobre arte??... Me perdoem, não sei mesmo o que deu em mim... Só não apago o parágrafo acima porque deu trabalho de montar (claro, colhendo informações na net...), acho que é culpa desse problemático tema humano: o sexo...

Bem, começando só agora a falar de minhas impressões (serei breve, prometo), esse é um filme que merece ser visto. Na verdade, nem sei porque fiz questão de ir vê-lo se podia tranquilamente tê-lo baixado aqui em casa (já está no Making Off, os caras são fogo), esse seria meu habitual. Mas como valeu... Acho mesmo que se tivesse visto em casa não teria me tocado tanto. Os delicados silêncios (raras intervenções musicais), os demorados monólogos, os cuidadosos closes super aproximados nos belos atores, tudo fez do filme uma experiência para ser experimentada em cinema. E realmente eu não poderia ignorar um comentário aos dois protagonistas. O adjetivo belo não seria o mais adequado. Nem ele nem ela são exatamente bonitos aos meus olhos, nem mesmo sensuais, mas talvez a palavra que melhor os descreveria seria ‘carnais’. Assim como o cinema de Breillat. Um cinema de carne, de instinto, de fogo.

É notável a forma como os corpos são apreendidos (taí Hermano), como suas secreções são desejadas. Quando baleado, ela logo virá para lhe lamber a ferida e beber de seu sangue, assim como ele beberá do sangue de uma galinha para se restabelecer; quando num reencontro, ela lhe ferirá a face para provar da gota que ficou na adaga; quando num momento de tristeza, ela chorará lágrimas que saltam sem drama, inertes, mas cheias de vida. Outras cenas merecem ser citadas por aqui, mas vou esperar ter o filme para escolher ângulos que me agradam mais. Por enquanto, todo esse detestável palavrório serviu para recomendar a todos que não conhecem: dêem uma olhadinha no cinema de Breillat. Ela pode exagerar às vezes, mas toda sinceridade é passional. E para os mais recatados, A Última Amante é um ótimo começo!

(não consigo largar a impressão de que não escrevi nada do que realmente pretendia...)

Um comentário:

  1. Nando, tô atrás desse filme há um tempo, já! Vou até perguntar prum amigo meu se ele tem. Tô doido pra ver!

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