sexta-feira, 5 de junho de 2009

DESCOBRINDO ANGER


Fireworks, Kenneth Anger, 1947.

Estão lembrados do filme que eu mencionei ter feito barulho na sessão Dissenso? O ângulo acima é dele. E o barulho não foi à toa... Com uma carga de surrealismo homoerótico super radical esse filme realmente ainda tem a capacidade de chocar nossa sociedade hipócrita... Além de ser absurda a semelhança ao imaginário gay ainda hoje em voga (esse fetiche por marinheiros...) Bem, conheci o Anger recentemente, fuçando atrás de coisas do Andy Warhol. A associação dos nomes não é vã. Ambos se esforçaram, cada um do seu jeito, a problematizar o estatuto da imagem cinematográfica e as qualidades narrativas que ela aparenta possuir como inerentes.

Com várias facetas criativas, a fase que mais me interessou na obra de Anger foi a primeira, merecidamente encabeçada por Fireworks. Posteriormente sua perversões seriam substituídas por uma inclinação ao satanismo (é, também é uma perversão, mas não me atrai) e sua experimentação inicialmente cinematográfica passaria a incidir mais diretamente numa preconização da linguagem contemporânea dos videoclipes musicais. Para ser mais completo, deixo um resumo bem legal que encontrei sobre Anger lá no Making Off, aliás, grande e único responsável pela minha ousada descoberta...

Kenneth Anger cresceu em Hollywood, literalmente às margens da maior indústria cinematográfica do mundo, para se tornar um dos pioneiros do cinema experimental americano. “Sou mais um poeta do que um vendedor, por isso nunca tentei fazer parte da indústria do cinema comercial”, garante o excêntrico diretor. Começou a ganhar visibilidade a partir de 1950 com seus curtas polêmicos, repletos de sexo e violência. Num primeiro momento, o público indignado reclamou apenas do eventual homoerotismo. Logo, porém, veio a tona o forte teor subversivo de Anger, com suas frequentes alusões à filosofia de Aleister Crowley, denominada Thélema e frequentemente associada ao satanismo.Apesar dos temas polêmicos, não é fácil rotular o trabalho de Anger. Não há falas; todos os filmes são como longos videoclipes, muito bem editados, antevendo o estilo que hoje em dia é marca registrada das vinhetas da MTV. Grande parte deles é quase incompreensível aos não-iniciados nas artes ocultas, coisa que o diretor não parece considerar um problema, visto que nunca fez nenhum esforço para ser melhor compreendido. Defeito ou virtude, egotrip ou genialidade? Que cada um decida por si, assitindo aos filmes.

Filmografia:Escape Episode (1946), Fireworks (1947), Puce Moment (1949), Rabbit's Moon (1950), Eaux d'artifice (1953), Inauguration of the Pleasure Dome (1954), Scorpio Rising (1964), Kustom Kar Kommandos (1965), Invocation of My Demon Brother (1969), Lucifer Rising (1973), Don't Smoke That Cigarette (2000), Man We Want to Hang, The (2002)

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