sexta-feira, 5 de junho de 2009

MAIS UM POUCO DE SEXO


Shortbus, John Cameron Mitchell, 2006.

Pois é, pelo visto a programação cinematográfica nos últimos dias tem sido quente... O suficiente para me fazer viver umas horinhas de plena irresponsabilidade, abandonando minhas obrigações e ir escondidinho ser fisgado pela sétima arte...

Bem, se semana passada me embananei todo pra comentar alguma coisa sobre A Última Amante é melhor eu dizer logo que nem pretendo analisar patavinas de Shortbus (John Cameron Mitchell), pois só de pensar que posso me embananar... melhor tirar a banana da conversa (rsrsrs). OK, quem viu e quem não viu, é só procurar qualquer sinopse do filme pra saber que é um filme com muito, muito sexo. Com cenas que eu nunca imaginei que iria ver numa telona... E ainda bem que eu não deixei de lado meu hábito de ir sozinho ao cinema, pois se estivesse acompanhado não sei onde enfiaria a cara (melhor não usar o verbo enfiar também...), é... do jeito que o filme agiu sobre mim acho mesmo que estaria perdido (e ai de quem estivesse ao meu lado... santas são as salas vazias numa hora dessas...)

Acho que já deu pra perceber que não vou articular grandes coisas sobre o filme. Mas longe de ser uma obra-prima posso pontuar brevemente que o filme ganhou minha profunda simpatia por ser muito mais que um filme com sexo explícito. Antes de tudo ele é um filme político (antológica a cena em que um cara canta o hino nacional dos EUA com a cara enfiada na bunda de outro), é um filme melancólico, um filme crítico, um filme jovem e ao mesmo tempo envelhecido, com cara de anos 80, corpo de anos 70, e espírito de 60, tudo perfeitamente vestido pelos dias de hoje.

Aliás, eu estou no filme! Aquele sempre olhando pela luneta, com uma mochilinha nas costas, um fone no ouvido, acompanhando tudo de perto (acima)... Somos nós todos ali. Voyeurs bem sem-vergonhas (rsrsrs)...

Quero chamar atenção para uma frase que é dita à protagonista quando ela entra pela primeira vez na sala do Shortbus destinada a orgias grupais:

“Olhar já é participar.”


Blow Job, Andy Warhol, 1964.

Perfeitamente aplicável ao provocante curta de Warhol em que um jovem ator recebe uma felação de alguém que nem sabemos se existe (26 min. de duração). Tudo que vemos é seu rosto reagindo em prazer, frontal a nós, indecentes expectadores insaciáveis. Permanecendo com ele mesmo após o gozo, com tempo de vê-lo fumar um cigarro entediado... Mais uma vez a noção de clímax sendo zombada pelo polêmico criador.

Não importa se algo aconteceu do outro lado da câmera. O fato é que aconteceu em nós. A provocação com o que é real ou não dentro da imagem cinematográfica ergue-se como poucas obras conseguem fazer, e com esse filme (mais do que os outros que tenho conseguido de Warhol, que nem consegui assistir ainda, porque haja saco!...) o cara ganha mais respeito de minha parte.

Bem, em Shortbus não resta dúvida: tudo aconteceu! A única coisa que me resta é repetir a bela fala do protagonista pouco antes de ser libertado, de um jeito que prefiro nem descrever, por aquele que representava a nós (isso também dá o que pensar...):

“Tudo pára na minha pele,
Não consigo deixar entrar...”

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