sexta-feira, 5 de junho de 2009

THE MANXMAN


The Manxman, Alfred Hitchcock, 1929.

Nesse filme, último de sua carreira muda, Hitchcock não trabalha o suspense dentro de uma temática de crime ou medo. Toda dilatação do tempo é aplicada no desenvolvimento dramático/romântico da intriga, que novamente oferece uma mulher dividida entre 2 homens (localizo esse como um tema central de sua época muda). Se a obra inicia sem grandes pretensões e a inocência (extrema, mais uma vez...) dos personagens por vezes distanciam-nos da narrativa, é para descontar no terço final em uma grande tragédia de amores, culpas e sacrifício. Lugar em que se destacam a ousadia dos conflitos sexuais, e se constrói mais uma grande personagem feminina, acuada não só pelo amor incerto, mas por uma alma que nesse caso não carrega uma culpa injusta. Infelizmente, não se encontram aqui grandes preocupações visuais como já tivemos em The Lodger e Downhill, suas 2 obras-primas anteriores ao advento do som. É mesmo curioso que ambas tenham praticamente aberto sua carreira, para em seguida ele oferecer exercícios bem mais simples de descoberta da narrativa cinematográfica clássica. Ainda pretendo voltar a falar por aqui de Downhill, a última catarse hitchcockiana que me alcançou. Sobre The Manxman, ficam o prazer de um triângulo amoroso (com 3 grandes atores), o belo acabamento dos closes, novamente com aquele recurso de fazer os atores conversarem com a câmera, e a certeza de que Hitchcock até tentou escapar dos assassinatos que viria a cometer, mas para nossa sorte, ele não conseguiu.

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