sexta-feira, 5 de junho de 2009
A Mulher das Dunas, Hiroshi Teshigahara, 1964.
Um pedacinho do texto que meus pulsos vomitaram imediatamente após ‘tocar’ nesse filme pela primeira vez:
A identificação é extrema. Somos nós ali. No escurinho da sala, escondidos, desejando ardente e indecentemente que o ato se complete, que os corpos se corrompam. Somos nós, que até então nos debruçamos por 2 horas sobre o sofrimento do homem enjaulado, animalizado, que através da plena estetização da dor nos apraz e faz desejar mais. Nós.
A eles restam os limites. O limite de ações, sensações, e mesmo noções do que é estar vivo. Do outro lado, o de fora. Flagrados pelo foco de luz que acentua o limite do espaço, do tempo que outrora marcado pelo deslizar da areia não mais se permite lembrar. Antes de tudo, limitados pelos próprios corpos, materialidades que encarceram e subjugam a existência interior. Pois o si mesmo não mais é. Personas sem identidade, privacidade, poupadas apenas pelo que o corpo pode oferecer aos olhos. Limite.
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